PERDIDO NA ESCURIDÃO [☠ , Ⴜ , ⁂]


Pela textura do colchão,
Pelo cheiro,
Pela temperatura.
Definitivamente,
Este não é o teu quarto.
Não o consegues afirmar,
Pois nada vês.
Acordaste.
E reparas que não estás no mesmo sitio,
Onde tinhas adormecido
Esticas o braço,
Para tentar alcançar o candeeiro
Mas...ele não está mais lá.
Procuras os pontos de luz habituais:
Luz de stand-by da TV,
Das tomadas, dos estores
Da lua, de...qualquer coisa!
Seria uma partida dos teus amigos?
Mas como tinham entrado em tua casa?
E para onde o tinham levado?
Mais esperto, mais desperto.
Levas a mão ao bolso esquerdo,
Á procura do isqueiro,
Mas ele não está lá.
Nem no esquerdo, nem no direito
Nem nos bolsos de trás.
Portanto, a ideia que tinhas também
Do telemóvel, é para esquecer.
Notas que tens a mesma roupa vestida,
Beliscas-te para te certificares
Que não estás a sonhar
Como se mantém tudo igual
Dás duas chapadas na tua própria cara.
Devem ter doído!
Agora que já te certificaste
De que não se trata de um sonho
Começas-te a passar!
Nunca tiveste muita paciência,
É verdade.
E logo hoje que tinhas acordado bem disposto,
Querem estragar-te o dia...ou a noite.
Começas a falar:
-Isto já não está a meter graça
Acendam lá as luzes!
Ninguém te responde.
-Malta, vá lá, já chega!
Ninguém te responde.
Paras, e pensas de novo.
Analisas o ambiente à tua volta,
A fim de chegares a uma conclusão
tacteias. O ar, o chão
Que se pode dizer do ar,
para além de que cheira mal
e está meio gelado?
Ou do chão, colchão,
ou que raio é isso onde estás,
que parece gordura e desfaz-se nas mãos?
Já ultrapassado o limite
da tua curta paciência,
desatas aos berros:
-FODA-SE, TIR....
Vários focos se acendem de imediato,
fazendo com que te cales.
Não porque eram holofotes, candeeiros
Ou qualquer outro tipo de luz.
Eram olhos de criaturas que se iluminaram
E permitiram ver algo muito simples:
Estavas rodeado
de todo o tipo de bichos e monstros
todos os que te causavam
mais medo e pavor.
Zombies, vampiros, lobisomens
Centopeias, tarântulas, serpentes,
pessoas decapitadas, desmembradas
Muito desfiguradas, aleijadas...
E aberrações...e mais aberrações.
E coisas que nem sabes o que são.
Às dezenas, talvez centenas!
Gritas de novo, mas agora de susto:
-AAAAAAAHHH!!
As criaturas aproximam-se todas de ti,
ao mesmo tempo,
apertando cada vez mais o círculo
do qual tu eras o centro!
Assim que páras de gritar,
todos eles param também,
toda a luz existente desaparece.
Estás em pânico:
Um sítio cheio de monstros,
completamente às escuras
cercado!
Tentas pensar,
mas já não sabes o que é isso.
Olhas para todo o lado,
Mas estás novamente em escuridão
e silêncio completos.
Sentas-te no teu maravilhoso estranho piso.
Levas as mãos à cabeça.
Não tens respostas.
Já nem sabes quais são as perguntas.
Queres é sair dali!
A agonia é tanta, que soltas um grito.
Mais uma vez, a resposta é semelhante:
todas as criaturas se iluminam
e se aproximam de ti com ar ameaçador!
A distância inicial deles a ti
era de cerca de 20 metros, calculas-te.
Agora, estão a pouco mais de metade.
Com este último grito
Consegues vislumbrar
De tudo o que te metia medo
o que te metia menos medo.
E resolves correr
contra aquele pedaço de monstros.
Não gritas, enches-te de coragem
e corres na tua velocidade máxima
na esperança de os passares
e quem sabe
encontrares uma saída.
Tu corres, corres, corres
O mais rápido que podes
com um dos braços à frente da cara.
Já correste até te cansares.
O máximo que o teu corpo deixou.
Não sentiste nada.
Tudo continua
exactamente como quando acordaste.
Para verificares, gritas de novo.
Para tua surpresa,
a última imagem que tinhas na memória
é reproduzida agora ao vivo.
Tudo estava exactamente como te lembravas
À excepção que devido ao teu grito
Todos estão mais perto!

BY:JCS
01/04/2012
23:58

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